terça-feira, 25 de agosto de 2009

Diário de um tímido [1]

15/02/xxxx

"Bem, diário, como se começa um diário? Acho que só se começa diário quando realmente não tem mais ninguém para se contar o que lhe agonia; de duas uma: ou eu vou começar um diário, ou fechar esse agora mesmo e procurar alguém. Opção 1.

Acho, diário, que eu posso falar com você como eu falo com qualquer um. E você sabe como eu falo. Não sabe? Bem, eu mexo muito as mãos e... bem, eu vou estar escrevendo? Ok... deixa essa parte pra lá. Ah! Eu conto histórias, das mais diversas. Eu bem que poderia contar uma minha, não é? Acho que a que me agonia cairia bem.

É porque ela chegou e eu travei.
(O que você esperava? Afinal, é o diário de um tímido...)

Tipo, a gente conversa e tal, e a gente conversa bem e tudos mais! Putz! Ela é demais! Ela gosta de tudo que eu gosto: temumputajeitocomartesdiversasadoraventurasevesteparecidocomigoescutaoqueeuescutoeblablablabla.

Cansei de falar dela.

Ah! Ela é linda, diário! Linda!!! Não o tipo de linda que se encontra por aí e... e... e...
é. Já estou falando sobre ela de novo.

Normal. Ultimamente tenho pensado muito nela, e até penso em chamá-la pra sair.
Acho que vou chamar... acho...

Bem, eu ia contar uma história.
Deixa pra depois.

É só que...
quando eu cheguei perto dela eu travei de verdade, de dizer a verdade do que sinto, mas parece que outro eu a disse que ela estava radiante naquele dia e aproveitando a sala vazia no trabalho, quis mostrar pra ela porque aquele era o melhor emprego do mundo: tranquei a porta e começamos a dançar ao som de Doors.

(Minha sorte era que a chefe tinha ido embora, porque se eu fosse pego...)

E ela ainda veio me dizer que não conhecia um louco como eu! Ai, Deus!
Louco e covarde não encaixam! Não encaixam!

Como eu falo pra ela, como eu falo pra ela?"