sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

O Forte

Ser humano ruim é assim. Agradece a Deus por não ser um daqueles meninos tetraplégicos que pintam com a boca, na mente, e no mesmo instinto e instante, pensa na selvageria com a menina com corpo de mulher. No último passeio usou um bequininho de matar velhotes. Vida dura e mundo injusto esse.

Quanto mais se quer, mais seca se acha a bendita fonte. E a maldita nova safra que não chega para matar aquela velha vontade.

Nem as meninas de sempre lhe aparecem para fazer alegria.
- Como vai, moço?
- Bem, moça.
- Sabes que estou noiva?
- Para infelicidade minha?
- ...
- Vida danada.

Ele aguenta. Aguenta tudo. Até esses momentos de solidão e atordoamento.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Filosofia da Malandragem

Eu a encontrei na janela, aquele mesmo sorriso de sempre, sempre com uma boa conversa.

- E aí, malandro?
- História é essa...
- Malandro sim.
- Para ser malandro, tem que passar pelos cinco pontos do malandro, e eu no máximo atento pra dois...
- E tem lei pra malandragem, é?
- Não para malandragem, mas o malandro se denuncia em alguns pontos.
- Tipo? Exemplifique com base em você mesmo.
- Em mim? Mas eu não sou malandro... (Ponto 1: Um malandro sempre nega que é malandro)
- kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
- Mas, se você prefere que eu seja malandro... (Ponto 2: Ele sempre tem segundas intenções)
- kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
- Tudo, claro, na amizade... (A desculpa da amizade pode fazer você escapar de qualquer situação constrangedora, desde esquecer o dinheiro da conta, a não adquirir relacionamentos sérios: ponto 3)
- kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk! Esse 3 é o melhor ponto! Só quem é PHD, hein?
- Você precisa conhecer um malandro (no caso, eu preciso), para saber que eu nunca conseguirei ser um porque o malandro tem aquele "quê". (Ponto 4: O malandro tem o "quê", só não peça para explicar o que é o "quê")
- Até porque você não é bom em autobiografias, né?
- Não, mas eu me dou bem com a vida real. Entretanto, se ela não der certo, a gente pode ir tomar uma cerveja? (Ponto 5: Você não pode negar o convite de um malandro). Sem segundas intenções, lógico.

;.*

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Del Corazón

(Foto: Gustavo Gabriel)

Quizá si hubiera dicho lo que se pasaba en mi pecho, pudiera tener algo diferente entre nosotros de lo que hay hoy. Pero las cosas no se pasan así. Cuando un decidi callarse, lo otro no sabrá lo que ocurriera nunca. Así seguirá la vida por el camino elegido por uno de dos.
Ese corazón que latió incesantemente no puede más latir como tal. No más, porque la vida debe seguir.
Obedezca, corazón, tu dueño! Yo te controlo! Tu estás en mis manos más que en mi pecho! La chance de controlarme y cambiar los destinos que tú tuviste ya pasó. Para tú, de luchar!
Dejame vivir el camino elegido; los asomos de felicidad que tengo al verla nada son que fantasmas del pasado. Fantasmas que me dejan nervioso e inquieto y rubro y...
Ellos hablan más que deben.
Yo hablo más que debo.
Callame, corazón.

ps.: Gracias a Micaela por la fotografia




PS: Ganhei esse selo especial da Mari (moça sentimental que faz o Coração pensar), regras:
1- Postar o selo.
2- Linkar quem te ofereceu o selo.
3- Indicar dez blogs que não saem da sua cabeça

1. Meu Pretexo Diário
2. Palavras Insolúveis
3. As Palavras tem Sabor
4. Across The Universe
5. Sem Título

6. Isobel Figue
7.
Marreco Blog
8. Incompleto e Sem Título
9. Dez.atinos
10. Deu na Telha

4- Avisá-los que receberam o selo.

5- Listar dez coisas que não saem da sua cabeça:.

- Eu me formar;
- O Rio de Janeiro;
- Morena(s);
- O trabalho;
- O trompete;
- Ganhar grana;
- PES;
- Conseguir a carteira de motorista;
- Fotografia;
- Deus.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

O Fluxo

07:20 da matina. Desperta; ou não. Mais nove minutos para dormir.
07:29 da matina. Desperta; pé no chão. Alongamentos, exercícios matinais, café da manhã rápido; simplesmente dormiu um pouco mais do que devia.

Seu nome é Israel Müller e ele vai encontrar Babilônia.
Babilônia, ou Babi, é o tipo de mulher que ensina. Quando Israel chegou na cidade, foi ela que o ajudou. Babilônia é mais experiente, tem sempre algo pra dizer, alguém para mostrar, os olhos de uma velha e a curiosidade de uma criança. Babi ensinou Israel a beber, a tocar violão, a conhecer gente nova, a dirigir e a querer saber que ele a queria. Ela só não o ensinou a saber o que querer além dela; e foi nessa hora que Müller acordou: 07:20 da manhã, disposto a falar com Babilônia.

Babi mora num canto alto, uma espécie de colina. Parece o lugar mais bonito do mundo, pois dá para observar toda a cidade de lá, inclusive o espetáculo de ver o sol descendo nos dois rios que cortam aquele lugar. Ali Babilônia descansava; uma luz vermelha na porta indicava que ela esperava Israel para o envolver novamente em seus braços e o ensinar um pouco mais da vida. Ali Israel chegou, olhou para Babilônia e disse:

- Hoje eu não vou ficar.
- Vai embora sem chegar, meu garoto?
- Vou embora, porque meus pais me chamam.

E Israel foi embora da cidade. Foi embora de Babilônia do mesmo jeito que chegou, sem razão e sem sentido.

Chegou em casa de seus pais, encontrou a porta aberta. Seu pai e sua mãe esperando na sala.

- Bem vindo à paz.

Sentiu que recomeçar começa em casa.

domingo, 27 de setembro de 2009

Gustavo Gabriel 2.0


" - Careca? Por que careca?
- Já ouviu falar que a gente nasce nu, careca e sem dente?
- Claro que já! Então?!
- Nasci de novo, baby, nasci de novo..."

Vamos ver se eu dou tiros certeiros nessa nova década.

"Um novo tempo, apesar dos perigos"
Ivan Lins.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Considerações [1]

"Uma câmera na mão e uma idéia na cabeça"
Glauber Rocha

Nem vou mentir para mim, nem para vocês. Ultimamente tenho tido uma enorme preguiça de escrever. Talvez isso se deva a minha atual vontade de escrever mais com a luz do que com a caneta (ou, diga-se de passagem, com o teclado).

Então, bem que resolvi falar um pouco de mim, coisa até fácil de fazer; entretanto, vou fazer isso contando uma pequena história que tratará do meu contato com a fotografia.

É bem difícil quando a gente se apaixona, pois se apaixonar de verdade as vezes ultrapassa o âmbito do relacionamento com a própria pessoa, e você pode acabar se aproximando até mesmo das coisas que aquele outro querido gosta.

E foi assim.

Eu e Ela, Nós e os Outros

Estávamos os dois na sala de estar. Ambiente mui amplo, que já fora remodelado várias vezes, pois nem sempre foi sala de estar. Foi salão de beleza. Um lugar que agora só guardava os fantasmas daquela época de casa cheia. E foi nesse lugar que eu realmente vi que me apaixonara.

Não só pela moça, mas por tudo que ela fazia.

- Vamo tirar uma foto.
- Foto? Agora?
- É, agora. Num pode, oxe?
- Pode...

Tirei a pequena câmera digital de minha mãe da bolsa. Mais uma vez o brilho.
Ela mandou eu me posicionar assim, assado, para a gente ficar de um jeito de outro, para ter um resultado X na foto Y. Nunca pensei que uma simples foto de casal pudesse ser tão complicada de tirar.
Mas não era isso.
O brilho dos seus olhos mostrava que ela estava fazendo algo que gostava. Gostava não, amava. Ela amava registrar os momentos com a luz; aquela era sua palavra de ordem ao congelamento do tempo.
Mas o tempo do seres humanos não se congela e tudo debaixo do sol se acaba. Restam as memórias
e o que com elas conseguimos guardar. A moça passou a ocupar outro lugar no meu coração, entretanto
deixara uma marca forte como a sua existência.
Alguns meses depois me via negociando com um amigo nos EUA para ele me trazer minha primeira
câmera digital. Poucos meses adquiria minha primeira semi-profissional. Começava então um novo
hobby que gradativamente se transformaria e se confundiria num estilo de vida: registre; não importa,
simplesmente registre.
Esses dias eu estava registrando, poucos dias depois continuarei registrando, e até onde minha
ínfima existência for, continuarei.
E quem sabe não acontece o inverso do começo dessa história: a paixão da fotografia me traga
um amor de moça?
Quem sabe. Quanto mais a gente registra a existência, mais pensa sobre ela, compreende e entende
que de futuro, ninguém entende.
Ninguém.

sábado, 5 de setembro de 2009

À Meu Amigo Marcos

Desde que acabou o Ensino Médio eu e meu amigo Marcos Negão temos nos encontrado pouco; porém, quando nos encontramos, é um momento gostoso em que podemos falar das últimas coisas que aconteceram e estão acontecendo em nossas vidas. Dedico esse texto a ele, que me fez pensar sobre os últimos anos da nossa vida.

O Exemplo (ou Para Sempre)

- Ela disse que me amava, encostada no meu peito, e disse que queria passar o resto da vida sentindo aquilo, comigo.
- Bem, amigo, e você?
- Eu também.
- Então você encontrou algo especial. É bom, não é? Deus quisesse que eu tivesse encontrado isso.
- Sabe, cara, quando a gente se encontra, costuma falar que demos certo no amor por causa do amor que nos foi dado pelas pessoas ao nosso redor. Principalmente pelas nossas famílias; acho que por isso a gente acredita tanto na família como exemplo.
- Mas claro, meu nêgo... o amor se conhece por exemplos.
- Hum?
- Assim, deixe-me explicar. Um belo dia eu achava que amava meu curso de faculdade, pois conseguia me manter estável, ter boas notas e parecer aos outros que eu era feliz com aquilo; até que eu o encontrei. Ele sim, amava aquilo; tinha olhos vivos quando falava de todo aquele conhecimento, de como podia ajudar o mundo, formar novas mentes pensantes, se enfiar naqueles livros que dariam traumatismo craniano se uma cabeça fosse atingida por eles. Foi aí, aí eu vi que eu não amava aquilo que faço.
- Serio? Você não ama?
- Não amo.
- E agora?
- Oras, meu caro. Acabo o que tenho que fazer e sigo em frente. Pois há alguma coisa que eu amo. E isso eu descobri do mesmo jeito, com exemplos. Mas a gente sabe que o amor se cultiva, se cresce e um dia pode se transformar (acho que nunca se acaba). Mas essa conversa fica próxima.
- Por quê?
- Bem, lá vem seu ônibus. Vai lá...
Ele sobe e procura um assento próximo a janela, no fundo do ônibus. Fico esperando ele partir. Quando o ônibus está saindo, vejo-o atender o celular e penso ler em seus lábios a frase mais sublime da história da humanidade.
- Hey, amor. Eu te amo.

Gustavo Gabriel

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Diário de um tímido [1]

15/02/xxxx

"Bem, diário, como se começa um diário? Acho que só se começa diário quando realmente não tem mais ninguém para se contar o que lhe agonia; de duas uma: ou eu vou começar um diário, ou fechar esse agora mesmo e procurar alguém. Opção 1.

Acho, diário, que eu posso falar com você como eu falo com qualquer um. E você sabe como eu falo. Não sabe? Bem, eu mexo muito as mãos e... bem, eu vou estar escrevendo? Ok... deixa essa parte pra lá. Ah! Eu conto histórias, das mais diversas. Eu bem que poderia contar uma minha, não é? Acho que a que me agonia cairia bem.

É porque ela chegou e eu travei.
(O que você esperava? Afinal, é o diário de um tímido...)

Tipo, a gente conversa e tal, e a gente conversa bem e tudos mais! Putz! Ela é demais! Ela gosta de tudo que eu gosto: temumputajeitocomartesdiversasadoraventurasevesteparecidocomigoescutaoqueeuescutoeblablablabla.

Cansei de falar dela.

Ah! Ela é linda, diário! Linda!!! Não o tipo de linda que se encontra por aí e... e... e...
é. Já estou falando sobre ela de novo.

Normal. Ultimamente tenho pensado muito nela, e até penso em chamá-la pra sair.
Acho que vou chamar... acho...

Bem, eu ia contar uma história.
Deixa pra depois.

É só que...
quando eu cheguei perto dela eu travei de verdade, de dizer a verdade do que sinto, mas parece que outro eu a disse que ela estava radiante naquele dia e aproveitando a sala vazia no trabalho, quis mostrar pra ela porque aquele era o melhor emprego do mundo: tranquei a porta e começamos a dançar ao som de Doors.

(Minha sorte era que a chefe tinha ido embora, porque se eu fosse pego...)

E ela ainda veio me dizer que não conhecia um louco como eu! Ai, Deus!
Louco e covarde não encaixam! Não encaixam!

Como eu falo pra ela, como eu falo pra ela?"

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Todo Tempo do Mundo

Não sabia fazer feliz a longo prazo. E essa era sua sina.

Quando lhe falou suas estórias, e quantas o deixaram, ela não lhe falou nada. Olhou nos seus olhos, como quem o descobria, lhe abraçou e disse "Tudo bem"; e se beijaram naquela saleta com cheiro de infância.

Ele nunca queria entender o que estava acontecendo. Vivia sempre no instantâneo, para si, e de ajudar os outros a recordar; de câmera na mão, registrava tudo dos outros, e nada de si. Pois era instantâneo. Suas histórias não se perdiam em livros escritos para a posteridade; mas se aqueciam nos ouvidos de quem queria ouví-las. E ela queria. E ele contava, com seu jeito de garoto malandro que não negava que era tal.

Ela queria tudo e adorava todos os momentos, como quem sempre guarda uma lembrança. Era o motivo da fotografia, a modelo, a paisagem. Também pudera: era um mulherão digna de ser registrada. Já ia bem com seus vinte e poucos; não tinha tudo na vida, mas tinha sorriso de quem pode conseguir tudo. Era assim, daquelas que adoram não demonstrar seu stress, olheiras e noites mal durmidas, mostrando sempre um sorriso na cara; pra ele.

Se conheceram para lá de lá e foram aqui os dias de expedientes mal cumpridos no trabalho dele, risos bestas dela e histórias que não acabavam mais dos dois.

Então, ela pegou o avião sem avisar.

E ele ficou a tirar fotos do céu, como quem quer registrar uma eternidade.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Prólogo (Todo Tempo do Mundo*)

Caminhando por uma cidade que não era a sua, se viu como um homem que não era ele, com hábitos e jeitos que não eram seus e com uma fala estranha. Olhou-se bem no espelho, sentiu a vertigem de ter que se conhecer de novo e que talvez não houvesse tanto tempo para tal.

- Hahaha! Deixa de coisa, homem. Sabe o que você precisa? Dos braços de uma mulher para se acalmar - diziam seus irmãos, quase em coro, mesmo sem combinarem.

Atacou ferozmente seus velhos hobbies, com se quisesse conhecer um homem que já não conseguia encontrar, meteu com fotografia, música, corrida, papo solto; o resultado era um cansaço interminável e falta de tempo para tudo.

Resolveu, então, pegar um ônibus e ir descansar em outras paragens, encontrar pessoas queridas que não via há tempos. Pensava consigo mesmo que ia ouvir as palavras que mais estava odiando nesse momento de sua vida: "Nossa, como você está mudado...".

Ao chegar na rodoviária de seu destino, encontrou a mulher que mais amara em sua vida, e que o descobriu como ninguém olhando em seus olhos. A criatura pequena se aproximou, cheia de malas na mão:

- Quem é vivo sempre aparece, garotão! - ela o chamava assim, como se chama um de seus filhos.

- Pois é... e quem está vivo, está sempre pronto para partir - disse apontando para as malas que ela tinha nas mãos.

- Ah, isso? - ela levanta as malas - Isso é porque eu decidi viajar com o "grandão". E justo para sua cidade!

- "Grandão"?

- É. É o nome que dei a ele - e apontou o homem que comprava passagens em um dos guichês ao fundo do cenário.

- Seu novo namorado?

- Sim.

Estranhamente, aquela palavra afirmativa batera-lhe como um soco leve no seu queixo.

- A vida segue - disse ele, dando aquele sorriso malandro próprio de si.

- Pois é - respondeu aquele sorriso pequeno.

O homem grande no fundo do cenário acena com a mão, indicando algo como "comprei as passagens" ou "o ônibus já vai sair". Então, ela balança sua pequena cabeça afirmativamente para ele e me dá um grande abraço, mais do que seus braços pareciam poder dar. Então, ela me olha nos olhos e segura meu rosto com suas mãos pequenas e diz:

- Nossa, você não mudou nada.

Ao falar isso, levanta suas malas e sai. Ele fica prostrado por alguns minutos, como se estivesse em choque. Então, sai correndo para o guichê de fundo de cenário, compra uma passagem e corre para algum ônibus que está prester a partir.

...

Um casal, de aparência desproporcional, um homem enorme de seus 1,90 e uma mulher pequena de 1,53, se amassa no fundo do ônibus. A presença de um homem na frente deles, empurrando sua poltrona para trás, os incomoda. A mulher, pacientemente, ao contrário do homem, vai resolver delicadamente a situação com o cidadão.

- Olá, você... você?

- Eu.

- Você não tinha acabado de chegar.

- Sim.

- E por que já vai voltar?

- Porque já consegui o que queria.

A pequena olha intrigada para aquele garotão malandro sorrindo para ela e pergunta:

- E o que você veio buscar?

- Eu.

E encostou a cabeça para dormir como não dormia desde os tempos que parecia ter todo o tempo do mundo.


Gustavo Gabriel


* Texto postado no ehcadacoisaqueacontece.blogspot.com


sexta-feira, 3 de julho de 2009

El Otro y Yo*

"A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro na vida"

Si la vida no fuera la arte del encuentro, como dijo Vinícius de Morais, yo estaría “fuera del lugar”. Pues pienso que los encuentros son la clave para encontrarnos a nosotros. Cada persona que conocemos un poco más (cuando hablo de encuentros no señalo aquellos momentos fugaces de “hola” y “adios” en que no llegamos a captar algo más profundo de las personas) marca nuestra alma y deja en nosotros parte de sí, ayudándonos a formar nuestro carácter.

El primer encuentro que tenemos en el mundo es con nuestros padres, cuando salimos del vientre de nuestra madre. Es determinante, pues el modo como ellos nos reciben en el mundo determinará por toda la vida, en nuestro subconsciente, muchos de nuestros encuentros, así como todos los encuentros también lo hacen, principalmente en nuestra infancia (donde construimos gran parte de nuestro carácter). También es claro que nuestra formación de carácter no puede ser determinada solo por un momento fijo en nuestra vida, pues grandes acontecimientos y encuentros sorprendentes pueden cambiar las cosas totalmente.

En mi vida todos los encuentros importantes, mismo con todos los desencuentros que podrían suceder después de ellos, me ayudaron a formar la visión de mundo que tengo hoy. Soy mucho do que soy gracias a las personas que pasaron de forma importante por mi camino. Creo que todos los hombres deban tener historias para contar sobre sus encuentros; mi esperanza es que todos aprendan a mirar para atrás y aprender con sus propias historias. El hombre es el hombre por el otro.

Gustavo Gabriel de Lima Silva


*O texto está em espanhol, porém é de fácil compreensão. Espero que gostem.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

A Maravilhosa

Minhas costas doíam, meus olhos ardiam [vermelhos], minha cabeça rodava e se processava uma dor incômoda no meu saco. É difícil viajar 45 horas sentado, se levantando algumas vezes para atender as necessidades fisiológicas e tentando dormir, as vezes, em posições incômodas.

Só que isso não conta perto da "Maravilhosa". Sim, era ela. Eu chegava ao meu destino.

Ela com seu Cristo de Pedra, de braços abertos a me receber, com suas serras magníficas rodeadas de pequenas luzes noturnas ao cair da noite, me enlaçando, me envolvendo e me prendendo. Prendeu-me numa eterna sinergia [bem anos 80]: aquela agora era minha Maravilhosa e eu o menino dela; menino solto na boêmia, menino solto nas curvas da menina.

Eu poderia sambar a vida toda.
Se pudesse ou soubesse.
Eu voltarei, voltarei a sambar.
Um dia, quem sabe, um dia.


Viagem ao Rio de Janeiro, 10/06/2009 à 14/06/2009.

Ps.: esse post não disse nada com nada.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Filme Classe B

Pois é, minha cara, o que eu poderia dizer sobre os filmes Classe B? Primeiro, o óbvio: eles são ruins. Podem até ser feitos com boas intenções, mas...
Aí está o ponto. O que diferencia um filme classe B do outro é, nada mais nada mesmo que, tcharam, você. Sim, além da intenção do filme, importa a sua intenção ao assistí-lo. Sei que um filme classe B é ruim, mas conheço pessoas que adoram classe B, porque as fazem rir (e outros chorar) o que torna os filmes nobres. Chega-se a conclusão que, diferente dos filmes classe A, que importam diretores, atores, a produção bla bla bla, para os filmes classe B importa também a público.

Simples. A arte imita a vida e essa última a arte. Eu tenho uma vida classe B, e só Deus sabe quantas classes abaixo podem existir. Eu não tenho um futuro brilhante (posso ter tido e perdido numa curva dessas de caminho), não tenho "feeling" para as coisas, realmente não sou bom em nada, não tenho um orçamento exagerado, entretanto que serve a produção e posso ser feito com boas intenções, tendo até um bom [Deus] diretor. Mas, acredite(o): sou classe B.

Só que eu rio, moça, eu rio. Eu choro, moça, eu choro.
Porque importa a intenção de quem me assiste a cada manhã. Não a produção.

Por isso, sorria... sorria...

[em homenagem a Ms. Funny]

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Lugares improváveis

Era uma daquelas épocas da nossa vida que podemos definir simplesmente como "merda". Havia perdido emprego, oportunidades de outros empregos, a grana "magicamente" estava sumindo, a mãe estava frustrada com o trabalho, o pai estava a beira de se lascar nos negócios e, para dar um toque final de frustração na coisa, a namorada dera um belo chute na bunda, épico mesmo, daqueles que se justificam por: "Por gostar tanto de você, creio que não podemos ficar juntos, pois lhe faria sofrer por atrazar sua vida no momento em que não estamos como deveríamos estar". Pasmém.

Cara de cú. De manhã, faculdade, aulas porres e tudo o que se tem direito na "Didática". Vem aquela boa e velha soneca na sala de aula, e foda-se o maldito seminário (pelo menos por hoje). Cara de cú². No banheiro, água no rosto, chuveiro, para acordar. E quando tudo parece que vai no mal, naquele improvável lugar, surge um cara misteriosamente e perguntar:

"Cê tá bem, cara?"
...
"To... valeu."
...
"Beleza..." E ele some.

E se você pergunta se isso pode mudar a vida de alguém. Sim, pode mudar.
Agora é a hora de sair do banheiro mais livre; alguém se importa e você sabe.

Nos lugares improváveis, coisas improváveis acontecem.
Deus sabe.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Will You Still Be Mine?

Tinha cara de domingo. Um daqueles bons feriados que você descança, mesmo sabendo que há tudo para fazer novamente amanhã.

E rolava Miles Davis no som, e uma paz invadiu minha'lma. Eu sabia que, dos irresponsáveis, era um dos maiores. Dos preguiçosos, um louvável. Dos sacanas, um agradável.

Mas uma paz invadiu minha'lma.

E eu lembrei de mil [e um] amores. E me concentrei na foto da parede principal, para o presente que me agrada. E viajei como se fosse fácil e parei como se fosse difícil. E sentia que eu tinha bons amigos e que aquele dia iria acabar. E eu estava agradecido por isso.

Com paz em minha'lma.

E tudo parecia não ter nexo, assim como esse escrito, mas, felizmente, era Miles Davis. Então podia ser improviso nesse momento; ao menos nesse. Quem o escuta, sabe.

Eu escrevi como ele me tocou, suavemente.

E agora, virei jazz.

(por uma noite)

segunda-feira, 30 de março de 2009

Bola do Mundo

Era o momento esperado.

- E aí?! Cabou a maldita aula?!
- Cabou, macho! Ramuembora!

E era a carrera, o sol quente e torando no centro das nossas cabeças. Mas a nossa ansiedade superava isso, a sede, o asfalto flamenjante.
Chegávamos em casa com um confiança extrema, e todos lá de casa já sabiam o que nós iríamos fazer: correr para a bola.
Sim! Era o jogo! Armávamos as chuteiras, vestiamos os uniformes apropriados (basicamente tirávamos a camisa, pelo calor do local) e eram as horas.

Mas se um dia eu me for embora, e forem comigo os hojes, os finais de manhã agitados, as conversas sobre mulher, as lamentações da semana frustrante, os jogos ficaram no coração, no nosso grande coração... vinte anos depois, tenho certeza que se estivermos vivos, e um dia olharmos um para a cara do outro, diremos para nós mesmos irmos embora à jogar.

Porque no final das contas nossas vidas foram feitas de jogos; e nós jogamos sempre para nos divertir.

A bola estava na mente, a bola era a mente e o que girava ao redor.
E vivam os novos jogadores.

Viva a nossa amizade.

sábado, 21 de março de 2009

"Quando a luz dos olhos meus..."

"²² São os olhos a lâmpada do corpo. Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso; ²³ se, porém, os teus olhos forem maus, todo o teu corpo estará em trevas. Portanto, caso a luz que em ti há sejam trevas, que grandes trevas serão!" Mt 5.

Quero ter os olhos de uma criança; olhar para o teto ao acordar como se ele fosse novo para mim, mesmo que eu acordasse na mesma cama mais de trezentos dias por ano. Quero que meus olhos olhem para você e te digam que eu não te conheço e te aprecio, que não te invejo e que você tem algo a me dar e a me ensinar, simples ou complicadamente.

Quero ter os olhos de uma criança ao olhar para para dentro de mim. Ver que ainda falta o que viver, e que a vida não é tão complicada assim, se estou disposto a aprender. Saber que não posso aprender tudo, querendo aprender tudo; olhar para os meus braços e não saber que não posso abraçar o mundo. Olhar para os tamboretes da cozinha como minha ponte para o céu de chocolate.

Quero ter os olhos de uma criança. Os olhos que não perdem a luz se não confrontados com a mais terrível desesperança; (os olhos dos adultos não precisam das maiores agruras para perder a luz).

[Esses olhos infantis tem medo do escuro, porque o escuro é a ausência de luz. Nada mais.]

Quero ter os olhos de uma criança.
Olhos para me apaixonar intensamente e daqui para frente, para sempre.

Quero os olhos de uma criança, como o Rubem Alves.

quarta-feira, 4 de março de 2009

A infalível

Na sala de aula, as horas não passam. Era a hora da Revolução, com suas causas e consequências, e eu já estava perdendo a minha paciência, que não é de ouro. De repente, ao piscar o olho, no que parecia ser o começo de uma pescada, passa aquela divina criatura na porta.

Eu me vejo correndo para a porta, fazendo revolução, no meio da Revolução. Saio, me deparo com ela no fim do corredor, sem muito jingado, mas dona de alguma coisa que eu penso ser especial. Limpo a garganta, e digo em alto e bom som:

- Ô moçaaaa!
Ela se vira, assustada pelo repentino chamamento há no máximo 20 metros dela. Depois de alguns eternos segundos se recompondo, ela olha para aquele estranho ser. Um moço desarrumado, cara de sono típica dos universitários daquele setor; mas com um semblante gentil e um ar meio engraçado. Então, resolve perguntar:

- Que é?
Ele abre um sorriso; daqueles sorrisos de homem que parece achar sempre estar destinado a triunfar. Diz, atenciosamente:

- Você esqueceu uma coisa...
Ela olha... pensa... vasculha a memória... olha para o corredor pelo qual havia acabado de passar... tentando achar o nexo naquela afirmação. Como não encontrava nexo algum, por achar que não tinha perdido nada, depois de alguns segundos de reflexão, ela perguntou (se rindo por dentro, achando tudo aquilo uma grande pegadinha):

- Ok, espertinho. O que eu esqueci?
E então, junto com aquele sorriso vitorioso, apareceram certa malícia e molejo inexplicáveis, que vinham com sua resposta:

- Ah, moça... foi de me levar com você...
Ela olhou para ele, perplexa. Ele olhou para ela, malandro.
E foram as risadas estridentes... a risada... o riso... o risinho... e aquela coisa estridente no fundo da cabeça, e a dor de cabeça...
E AQUELE MALDITO SINAL QUE NÃO PARA!

Cara amassada, final de aula. E aquele gosto de quero mais na boca que a gente tem depois de acordar dos bons sonhos.

Só que agora ele estava determinado.
Parecia invencível.

E tinha preparada para a divina criatura a cantada mais infalível do mundo

Dos sonhos.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Sobre [minha] paixão.

Nunca fui muito de fazer rascunhos para escrever meus textos. Me desagrada um pouco para minha idéia desse blog, desse novo-sorriso-brilhante que chega desavisadamente, o planejamento misterioso das coisas. Gosto de chegar, sentar na frente do PC e postar as coisas. Mas não nego de todo que há algum planejamento nos textos, mesmo que mínimo; assim como acordo pela manhã e sei que posso sorrir ao montes para meus amados.


O texto a seguir é de uma série dos rascunhados (mesmo que em Bloco de Notas). Daqueles que eu demorei para puxar da minha cabeça no intuito de querer saber o que eu realmente queria dizer.


Confesso que até esse prólogo é rascunho. Quem sabe sai algo bom.


Agradeço a Nathi [meupretextodiario.blogspot.com] que me fez pensar um pouco sobre [minha] paixão esses dias e as minhas paixões, novas ou velhas, que deram suas caras ao meu coração.


PARA LÁ DE LÁ, DE NOVO.


Acordei com aquela vontade tamanho do mundo de nada e aquela morgação típica de sexta-feira de manhã. Vontade de matar aula... o que, por sinal, fiz nos primeiros horários. Resumindo, era aquele dia para não sair de casa.

Há um mês não faço a barba. É quase um lembrete do que me ocorrera nos últimos tempos. A barba me lembra a falta de paixão com que ultimamente vinha vivendo; mesmo com todos os meus discursos otimistas sobre esse sentimento. Essa cara de velho garoto não ajudava a ninguém.

Era um começo de final de semana, um começo de feriado também, e duraria muito; eu iria viajar. Um verdadeiro combo para, talvez, espantar a tristeza de mês.

Mas a verdade verdadeira é que eu não quero sair de casa.


* * *


Éramos quatro; quatro companheiros, quatro amigos, quatro irmãos. Todos juntos naquele barco, sem a certeza se ele estava bom ou furado. E caminhamos juntos até o final. Era uma caminhada em uma busca simples de 2Ds: Deus e diversão.

Todos sabiam da minha situação, e eu da situação de todos eles.

Ao chegar ao destino da nossa viagem, confesso que meu coração se aquecia pouco a pouco; provável que do calor dos outros velhos conhecidos que se encontravam para passar o feriado com a gente naquele mesmo lugar em que estávamos. Ficaríamos alguns dias ali; a idéia demorou a me agradar; relutei mesmo em chegar, mas, no final das contas, me mostrei animado a tentar gostar de tudo, assim como os garotos, cada um a seu tempo.

Só que minha vontade ao pular, ao correr e a me estabanar correndo atrás da bola ou fazendo seja lá o que fosse era tão simples de saber e tão complicada de lidar. E eles sabiam, os meus companheiros; e me ajudavam.

* * *


De amor estava farto. Farto não em um sentido de que estava de saco cheio, mas sim de que estava bem nutrido. O que eu na verdade queria era um pouco de paixão e seu arrebatamento, que talvez todos nós conheçamos e já tenhamos experimentado em nossas vidas. Até vocês que lêem esse texto, não?

A vida sem amor é um saco; e não falo só do amor dos nossos amantes. Falo do amor do/ao Criador, dos nossos progenitores, dos nossos irmãos, amigos e inimigos. Igualmente a vida sem paixão. Paixão para comer, paixão para beijar, paixão para sonhar, paixão para fazer.

Não entro no mérito de uma ou outra para dar suas vantagens e desvantagens. Tenho fé que o amor é maior; entretanto, o que eu queria era paixão. Talvez porque meu amor não estivesse ainda completo, como estará um dia. Não me atrevo a discutir.

Só que a paixão é...

Bum.

Assim, do nada. E eu estava apaixonado. E não ia durar muito, seria avassalador, iria me tirar o sono. Mas eu estava apaixonado, e estava feliz. Quem poderia tirar o mérito disso?

Eles, os amados companheiros, sabiam que eu estava apaixonado, eles souberam antes de mim. E essa reflexão de cima, do auto-conhecimento da minha paixão, foi posterior ao momento. Gosto de saber disso. Prefiro saber que tive conhecimento da minha paixão depois... bem depois...

Só que a paixão por vezes não há como se sustentar. Mas cumpre seu papel, seja ele qual for. Quanto a mim, era me fazer novamente abraçar meu novo-sorriso-brilhante; tornando-o atraente novamente.


* * *


Estou chegando do final desse meu texto que eu, sinceramente, não sei lhes dizer o gênero e muito menos a moral ou a reflexão. Há muito parei de saber essas coisas.

Quero me despedir e dizer que agradeço a paixão por existir novamente em meu ser.

Dia-a-dia, quero me apaixonar, e ser arrebatado.

Assim como dia-a-dia, quero aperfeiçoar meu amor.

Deus me ajude nessa caminhada.


FIM

(ou não)


Seria estranho falar dessa coisa toda e não dizer como era a tal paixão. Como eu não posso falar dessas coisas assim abertamente, afinal perder-se-ia toda a graça, faço a música que prometi. Mínima, porém, cheia do tal sentimento.


Paulista


Moça paulista de coração

Fale inglês para mim mais uma vez

Como se a gente não fosse mais se ver

E tudo virasse memória de uma canção.

E talvez você não sinta

Que é a hora da despedida...

Então você está certa

Em não me dizer Adeus.


FIM

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Homenagens e tudo mais

Esse é do dia-a-dia:

Agradeço à Lis por ter me indicado em duas homenagens "blogais". A verdade é que eu agradeço de coração e que só não coloco as figuras aqui porque eu não tenho 10 blogs para homenagear do mesmo modo. Entretanto, sou fiel as meus [caros] visitantes.


Bom Feriado a todos; e, claro, muita diversão pra vocês.

Juízo!


Ps.: meu juízo foi comprar pão e nunca mais voltou. Não posso exigir muito.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Host Club

Eu só sei se vou se for pra te acompanhar
quando eu souber que em mim você vai confiar
E se tudo explodir,
sobre nossas cabeças o teto cair,
você entender que comigo pode contar.

Não importa o lugar, eu vou estar
se você precisar, te abraço, pode deixar
Eu sou seu acompanhante, seu parceiro, seu amigo, seu irmão
Não importa o por quê ou para quê aqui está a minha mão.

Cada vez, espero, cada vez mais perto de você eu quero estar.
Não importa o momento, todo que disseram sobre o tempo
Eu vou estar. Vou te acompanhar.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

O que não se gosta.

Duas e quinze da tarde. Nada de atrasos. Chegara quinze minutos mais cedo no local do encontro; porque queria mesmo impressionar.
Caetano era um garoto simples, podemos dizer que era um moço do interior (se é que no interior ainda existem moços). Suas roupas também declaravam isso: uma camisa de botão, xadrez; uma calça de brim azul; e um "sapatênis" já meio fora de moda; e, como é tradição lá no seu interior, impecavelmente cheiroso: seu cheiro podia ser sentido a quinze metros. Não especificarei qual era, mas era bom. E, pra finalizar o jeitão simples, uma barba estranhamente grande, por fazer, que constrastava com as dos garotos de mesma idade da capital.
Duas e vinte da tarde. Nada de atrasos. Chegava 10 minutos mais cedo no local do encontro; não parecia querer impressionar.
Laura não era tão simples assim; podemos até se perguntar como ela conheceu um garoto como ele. Entretanto, a escola é uma integradora de mundos: ainda mais escolas federais. Ela era bem "urbanóide", só que "urbanóide" de capital pequena como aquela não queria dizer muita coisa. Suas gírias não pareciam ser muito diferentes daquelas usadas pelo próprio Caetano quando ele chegou do interior para estudar na capital. Bosta de Estado pequeno também... só que tudo facilitou a convivência.
Caetano achava Laura bonita, e que ela falava bem. Uns amigos em comum apresentaram os dois, Caetano ficou interessado. Como ele não tinha nada de feio, e não falava tão estranho assim, Laura, vá lá, aceitou seu convite para ir ao cinema. Afinal, é um programa barato e se não der certo, não fica longe de ir para casa. O convite aconteceu no colégio.
Laura viu Caetano, com suas roupas simples e seu sorriso tal qual.
Caetano viu Laura. Seu all-star colorido, roupas meio jogadas, e um jingado estranho ao andar. Diferente do rebolado do mulheril que ele estava habituado no interior.
Diálogo:
Laura: Chegou cedo, hein? Gosta de chegar cedo?
Caetano: Gosto.
Laura: Eu não. Odeio. - falou Laura com veemência e indiferença no olhar.
Que cortada. Pobre Caetano. Primeira patada do encontro, e de graça, porque ele não teve tato pra responder, ele pensou. Mas ele reagiu bem; sorriu, e andou tranquilo ao lado de Laura em direção ao cinema.
Ao chegarem lá, foram escolher o filme. Só coisa ruim. Deusdocéu. Que azar, pensou Caetano. E Laura não parecia estar muito contente. Caetano, pra amenizar procurou ver o melhor filme daqueles. Tinha uma comédia; não era muito escrachada, nem muito "inglês". Ele pensou que poderia agradar, afinal, era um meio-a-meio. E todo mundo gosta de comédia.
Diálogo:
Caetano: E aí? A gente pode assistir esse. Aponta o dedo.
Laura: Esse? Comédia sem graça. Odeio comédia, pra ser sincera. Olha, você já escolheu um péssimo dia pra ir no cinema, só com filme ruim; então, eu mando na escolha do filme, ok?
Paft. Mais uma. Mesmo que Laura tenha dado um bom sorriso debochado depois de tudo. Caetano tinha entendido aquele fora. Por sua sorte, ou azar, não sei, o filme já ia conversar e não tinham tanto tempo pra conversar. Correram pro filme que Laura escolheu.
Caetano passou o filme pensando em como começar um diálogo produtivo (entenda-se produtivo aí como "não quero me lascar") com Laura. O filme não ajudava. Ele não entendia nada daquele tipo de filme que Laura escolheu, e nem prestou muita atenção: estava concentrado em não dormir.
Ao acabar o filme. Eles foram dar uma volta lá pelas redondezas do shopping onde o cinema estava localizado. E, AHHH! Caetano pensou, Laura reclamava de tudo, e de todos; Caetano não podia achar nada que poderia ser legal pra puxar um assunto, que ela cortava com seus "eu odeio", "eu não gosto", "Bah...". Ele era um garoto simples, falava bem das coisas boas da vida, que pelo menos ele achava boas e tal, divertidas, bonitas. Mas ela não parecia achar isso das coisas dele. Bem, ele estava a ponto de desistir, quando passou perto de um jardim localizado dentro do shopping. Era bem cuidado e com muitas flores. Caetano não gostava muito de flores, a única coisa do campo de que não gostava, pra ser sincero, porque lhe davam alergia. Olhou para Laura e pensou que "uma garota como ela, amante de todo esse concreto e cimento da cidade, não deve gostar muito de flores". Eis uma coisa que ele não gostava que podia discorrer um diálogo sobre tal.
Diálogo:
Caetano: Odeio flores. Me dão alergia pesada. Não gosto nem de jardins pequenos em que elas estejam.
Laura: É é? Pois eu amo flores; até cultivo um jardinzinho no pequeno quintal lá de casa. Deus, como alguém não pode gostar de flores?!
Putamerda. O cara mais azarado do mundo: eis o que eu sou, Caetano comentava consigo mesmo. Aquilo foi a gota d'água. Essa menina não gosta de nada. Na verdade, acho que ela nem gosta de mim.
Diálogo:
Caetano: Vamo embora.
Laura: Já? - com aquele sorriso debochado na cara. Parecia que ela tinha feito de tudo mesmo pra o negócio não dar certo.
Laura, quando chegou, já viu que o negócio não ia dar certo. Aquele garoto simples não parecia que iria agradá-la. Dito e feito. Além de seus gostos simplórios, o garoto ainda não parecia que tinha atitude. E isso sim, isso siiiiim a irritava. Aguentava todas aquelas patadas dela com sorriso na cara. Idiota. Tão bonito, tão besta, meuDeus.
E parecia que o "sho" não iria acabar. No caminho pra o ponto de ônibus, Laura ralhava de tudo e de todos. Só que, dessa vez, em vez de Caetano estar muito bem sorrindo, estava grave e sério. Sério ao ponto de que parou, segurou no braço de Laura, no ponto de ônibus e disse, até certo ponto, cínico.
Diálogo:
Caetano: Ei, filha. Você não goza não?
Laura, ficou meio pasma. Não imaginava que um garoto tão simples, que tinha toda aquela cordialidade e passividade, podia dar um ataque cínico daqueles. Mas, Laura não ia ficar por baixo.
Laura: Eu? Posso até gozar, mas não com um cara que usa essas roupas. Aponta o dedo pra camisa de botão xadrez de Caetano
Bem, esperando uma reação diferente dessa vez, Laura pensou "não é possível que agora ele não tome uma atitude". Caetano, simplesmente, sorriu. E Laura, bufou.
Cinco minutos de silêncio, o ônibus chegou. Laura vai em direção ao ônibus, Caetano atrás. Laura não imagina porque ele vem atrás dela, já que aquele não era seu ônibus e ela já tinha dado tcha. Quando, então, ela vai subir no ônibus, Caetano, inesperadamente, segura seu braço mais uma vez, e fala no seu ouvido, com o sorriso debochado que ela já tinha com propriedade, e ele arrancara dela.
Caetano: Ô, moça. Eu não preciso dessas roupas simples pra fazer você gozar não.
Ela para, tenta raciocinar a atitude do garoto. O motorista grita, a galera empurra ela pra dentro do ônibus. Caetano dá as costas e sai, com o mesmo sorriso, que era dela.
Caetano pensa consigo mesmo: Preciso comprar novas roupas. E anda em direção ao shopping novamente.
Laura, parada no seu banco de ônibus. Agora não mais está indiferente, ou debochado, cínica, irritadiça. Está pensativa.
Se imagina lambuzada enquanto roça seu rosto naquela barba por fazer.

sábado, 31 de janeiro de 2009

Cinco Minutos

Eu tenho cinco minutos pra escrever com palavras, antes de tocá-lo em música, e falá-lo em palavras, pouca coisa. Não posso ser reflexivo, enrolão, e, claro, já devia estar escrevendo, sem tanto esmero vírgula e ponto.
O que eu quero dizer, meus caros, não supera o entendimento de ninguém, todo mundo já percebeu alguma vez na vida, e as vezes quer dizer, as vezes não. Tem gente que faz drama, tem que não faz, tem quem seja orgulhoso pra dizer, tem quem diga com facilidade, tem quem faça bla bla bla.
Não precisa ser dito em cinco minutos, não precisa enrolar, não precisa ter blog, mandar por carta. É melhor ao vivo, faz bem pra alma; e pro coração.
Eu só queria dizer, porque senão não dá tempo e falta 1 minuto é que:

me perdoe, se alguma vez lhe machuquei.
Não era minha intenção.

Eu só quero o melhor, pra nós todos.

Do seu novo-sorriso-brilhante.

Cabou o tempo.

sábado, 24 de janeiro de 2009

Hambre

Eu me sentia como uma mãe quando ia dar de comer ao seu filhinho. De repente, a criança não queria comer.
Agonia; eu, uma marinheira de primeira viagem, sem saber o que fazer, obrigava o pequeno a comer. Ele não queria.
Desisto? Não. Aí vão as estratégias, os diferentes pratos, os mimos, as manhas. Nada.
Ele precisa comer? Bem, teoricamente, sim; se quiser sustentar o organismo vivo. E nós não queremos que o tal morra.
O problema, meus caros, não é a comida, a pessoa que dá a comida, o preparo, e tudo mais. Constava-se que tudo estava bom, gostoso mesmo. Até a criança, em pequenas bocanhadas esparsas reconhecia em seus olhos o dito bom gosto.

O problema era só um:
vontade de comer.


"Eu não quero a faca e o queijo, eu quero é fome."
(Adélia Prado)

À todos aqueles que sentem essa fome.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Eu sei

que isso aqui não é diário.

Mas me permitam o comentário:

São as melhores férias da vida:
são as únicas que me ensinaram a esperar.


1 semana e três dias.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Palavras

"O que falta em meio mundo é COLHÕES."

Sabe quando a gente aprende uma palavra nova, e sabe que pode encaixa-la?
Taí: COLHÕES.

Desde que aprendi, nunca mais vou soltar.
Sabe por que?

Porque eu tenho colhões pra usar.

Use você tb.