domingo, 21 de dezembro de 2008

Comumente hiperbólico

Ela dizia:
- Você é todo exagerado.
E cada vez que essas palavras saíam da boca dela, eu fazia uma cara de espanto. Eu não entendia, tinha 15 anos, e sempre fui um cara todo na média brasileira: 1,70m de altura; sangue O+, como todo bom latino-americano; notas que não passam de 8,5, mas não ficam abaixo de 6; um pinto entre seus 16 cm, ereto; reserva no futebol, titular no basquete; tocando musiquinhas de quinta categoria pra alegrar a roda de violão, nunca saindo um samba ou aquela bossa de cortar o coração. Mas eu era exagerado. Com meus 15 anos de idade.
Um dia, ela me deixou. Pensava que todo meu hiberbolismo a havia suprimido; eu estava crente nisso.
Ela virou e disse:
- Cansei. Você é muito comum.
E quando essas palavras saíram de sua boca, eu entendi. Tinha 1,80; 18 anos de idade; campeão do brasileiro de basquete; 1º lugar em engenharia elétrica no vestibular da federal; 20 centímetros de pinto, ereto; tocava samba nas quintas-feiras no barzinho mais famoso da cidade, abalando os corações de patrões e patroas. Só meu sangue não mudara.
Ou eu trocava meu sangue, ou ela trocava seu homem.
Ainda bem que ela escolheu o caminho mais fácil. Pra nós dois.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Reflexão 1 e 1/2

Um dia você acorda e percebe que a vida é um grande pornô:

só que quando isso acontece, você percebe que não é o ator, e sim, o camera-man.