sexta-feira, 28 de maio de 2010

Todo Homem tem Direito ao Silêncio

Bem, o fato é que enrolei muito para escrever esse texto, que já estava em minha cabeça havia mais ou menos uma semana, semana e meia, desde que eu li o texto "Toda Mulher tem o Direito de Surtar".
Quando eu li tal texto, imediatamente me veio a reflexão "e os homens também não têm direito de surtar"? Ao passo que eu descobri, somente concordando com o que a autora do texto já tinha exposto, que não. Os homens não tem direito de surtar.
Mas, calma, cuecada. Ao passo que nossas mães, irmãs, amantes, esposas, namoradas, e afins, têm o direito mestre de surtar, nós temos, meus amigos, o direito ao silêncio.
A princípio, meus caros, podemos até pensar que o silêncio pode ser uma arma vazia e pouco desestressante e destruidora, perto do surto feminino. Entretanto, nosso silêncio pouco tem de vazio. Nosso silêncio é forte, cheio de significado, e muitas vezes fala mais que a bomba atômica do surto.
1- Nós não precisamos de escândalos.
Depois daquele dia estressante no trabalho, em que chegou uma pilha de formulários, a tinta do carimbo acabou, a impressora quebrou, o computador pegou um vírus daqueles e a secretária veio com uma saia minúscula com o fim único de nos provocar e nos fazer perder a concentração, chegamos em casa só o lixo. Isso, meus amigos, o lixo; a melhor palavra que nos definiria.
O púbico feminino assim, como nós, tem dias semelhantes. (Retire daí a parte da secretário, por favor). Entretanto, ao chegar em casa, elas iriam espernear, com todo o direito, e nos xingar, a tv, fazer as crianças (as pobres crianças) chorarem o escândalo decorrente do dia mal. Nós? Chegaríamos em casa calados. Jantaríamos calados. Brincaríamos com os meninos calados e, ao chegar na cama calados, com um de indiferença e "tudo bem", talvez, quem sabe, não ganhássemos o carinho que tanto esperamos receber o dia todo. Acordamos com um sorriso tímido no dia posterior e, o que é melhor, sem maiores estragos.
Ponto para o silêncio.
2 - O silêncio é matador.
Fila de supermercado. Meia hora esperando pelo atendimento naquele que deveria ser o chamado "caixa rápido". Imagina aquele seu dia anterior, descrito acima, terminando nessa situação de agora: quando chega sua vez, depois da [mal]dita espera, chega um infeliz, e coloca as compras na sua frente. Oh, Deus.
Elas? Tocariam no ombro do pobre coitado e descarregariam o stress, dizendo impropérios contra a pessoa do infeliz e contra o maldito supermercado. Eles? Pegariam as compras do infeliz, as colocariam de volta no carro dele, e olhariam para cara dele, fechando os olhos, vagarosamente... ameaçadoramente... enquanto passa as suas compras, de direito, no caixa. Pronto, uma mensagem dada eficazmente.
3 - Usando o silêncio para conseguir algo.
Para encerrar, já entendemos que a função do surto é basicamente desestressar e lavar a alma do público feminino. Já o silêncio masculino, além de servir ao desestresse, tem uma função educadora e, até mesmo, sedutora.
Porque tem dias em que você, meu amigo, está caladão. Caladão como está, influi uma aura inexplicável de poder. Com seu olhar firme e seu bico calado, vai à Roma. Indo Roma, consegue tudo que quer.
Um fenômeno inexplicável.
Sexta-feira, estão todos eles no bar. Bebendo, contando suas história da semana. De repente, a morena passa. Todos, olham, todos comentam. Um deles, não. Está calado, sem contar muita coisa desde o começo da conversa. A morena tem amigas, não tão tais como ela. A mesa se junta, a conversa rola e ele lá, caladão. Ela olha, se intriga com o personagem. Para de prestar atenção as investidas dos outros, e o olha, o sonda. O que está por trás do silêncio, o que? Ela se aproxima e vai desvendar o silêncio.
Porque o silêncio, meus caros, as vezes vem cheio de significados.
ps.: às minhas caras leitoras, necessito dizer, que eu sou longe de ser machista e coisa e tal. Isso é somente uma brincadeira, que eu faço comigo e meus amigos, que vez por outra nos encontramos calados, na nossa, sem mesmo saber o que fazer. Explico que o silêncio dos tais não é sem razão, para todos(as) que queiram entender. Sei que tanto as mulheres também sabem ser significativamente silenciosas e os homens sabem ter seus dias de surto. Tudo como tem que acontecer.

domingo, 9 de maio de 2010

Os Dias 2

[Primeira Pessoa]

Já me disseram que eu não sei falar de mim, do que estou sentindo no momento. Eis um fato. Sou um bom contador de histórias, inclusive das minhas histórias, entretanto, as conto bem por já saber que as tais se situam no passado. Difícil é falar do presente; talvez, nem tanto, escrever acerca dele.
Existem três coisas que eu odeio:
1 - a frase "precisamos conversar", quando eu sei que eu sou um dos envolvidos no caso a ser discutido;
2 - que meu carro dê pau não por falta de prevenção;
3 - um final de semana perdido.
Por que isso? Porque na sexta eu ouvi que "precisamos conversar", no sábado meu carro deu pau e no domingo eu acordei de uma da tarde e só deu tempo de assistir um filme e escrever esse post.
É ótimo começar uma semana assim: solteiro sem opção, com o carro na oficina e cansado como se não tivesse vivido um fim de semana.
Hey... tem alguém aqui?
Mas, uma coisa eu sei. Um dia eu conheci um cara que começou a vida atual dele em um fim de seamna com os mesmos termos que eu estou agora: com tudo que ele odiava acontecendo.
Sua namorada o havia deixado, sua banda havia acabado, seu cachorro havia morrido e ele tinha sido despedido.
Como esse cara está agora? Muitobemobrigado.
Muito bem acompanhado, com um emprego que adora, de família nova (não só o cachorro) e esqueceu a música. (Apesar de continuar sendo um ótimo compositor).
E o que eu penso acerca disso?
Tem jeito. Tem alguém aqui sim.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Os 100

- Pergunta aí, vai!
Ele parou e pensou. Ele, ao contrário dela, não fazia o estilo perguntadeiro. Pensou muito. Finalmente, perguntou:
- 100 anos de rotina ou 100 dias de aventura?
...
Ela olhou com uma cara de quem não esperava aquele tipo de pergunta. Aquela pergunta. Mas, respondeu naturalmente, e até com uma estranha certeza:
- 100 dias de aventura!
Um sorriso dele. Mal esperava, o homem, que ele viveria com ela 100 dias de aventura com carteiras esquecidas, carros quebrados, trilhas enlameadas, pingos de chuva a la balas de metralhadoras, boxeadores e pequenos selvagens subindo pelo seu dorso.
Mal esperava ele gostar de tudo isso.